A transformação digital deixou de ser um discurso distante de grandes corporações e passou a fazer parte do dia a dia de negócios de todos os portes, e Andre de Barros Faria, CEO da Vert Analytics, especialista em tecnologia, reforça que tanto pequenas quanto grandes empresas precisam encarar esse movimento como um processo contínuo, não como um projeto isolado. Em um cenário em que clientes são mais conectados, decisões precisam ser mais rápidas e dados se tornaram ativos estratégicos, adaptar-se à realidade digital é uma questão de sobrevivência e de competitividade.
Como apresenta Andre Faria, empresas que desejam se manter relevantes nos próximos anos precisam estruturar sua transformação digital com estratégia, foco em resultados e forte alinhamento entre tecnologia, processos e pessoas.
Venha compreender o que são essas transformações digitais e como elas podem estar presentes em todas as empresas. Confira a seguir!
O que realmente significa transformação digital nas empresas
Muitas vezes confundida apenas com compra de softwares ou presença em redes sociais, a transformação digital vai muito além da tecnologia em si. Conforme expõe Andre Faria, ela envolve a revisão profunda de processos, modelos de negócio, cultura interna e formas de interação com clientes, parceiros e colaboradores.
A tecnologia é o meio que possibilita ganhos de eficiência, automatização e inteligência, mas o verdadeiro impacto ocorre quando a empresa repensa como cria, entrega e captura valor em um mundo conectado.
Isso significa questionar rotinas antigas, identificar etapas manuais que não fazem mais sentido, integrar áreas que trabalhavam de forma isolada e transformar dados em decisões. Tanto em pequenas quanto em grandes estruturas, a transformação digital exige clareza de propósito: entender por que mudar, o que priorizar e como medir se os esforços estão realmente gerando impacto na produtividade, satisfação do cliente e resultados financeiros.
Desafios e oportunidades para pequenas empresas
Nas pequenas empresas, a transformação digital costuma ser vista com um misto de interesse e preocupação. De um lado, existe a percepção de que é necessário modernizar-se, de outro, surgem dúvidas sobre custo, complexidade e capacidade técnica para implementar mudanças. Andre de Barros Faria ressalta que, embora o orçamento possa ser mais limitado, pequenas empresas têm a vantagem da agilidade: conseguem testar soluções com mais rapidez, ajustar processos em menos etapas e tomar decisões de forma menos burocrática.
Ferramentas acessíveis de gestão, atendimento, finanças, vendas on-line e marketing digital permitem que pequenos negócios ganhem escala e organização sem precisar construir estruturas pesadas.
O ponto central é não tentar “abraçar o mundo” de uma vez, mas começar por dores claras: atraso em processos, falhas de comunicação, retrabalho, perda de informação, dificuldade em acompanhar o fluxo de caixa ou em responder clientes com rapidez. Ao resolver problemas concretos com soluções digitais, o pequeno negócio percebe, na prática, que a transformação digital não é um luxo, mas um aliado direto da sobrevivência.
Desafios e complexidades da transformação em grandes organizações
Nas grandes empresas, o cenário é diferente: geralmente há mais recursos financeiros e acesso a tecnologias avançadas, mas a complexidade organizacional é muito maior. Processos longos, estruturas hierárquicas rígidas, sistemas legados e culturas resistentes à mudança podem frear iniciativas digitais importantes.

Tal como alude Andre de Barros Faria, o desafio das grandes organizações está menos em adquirir tecnologia e mais em integrá-la de maneira coerente, rompendo silos internos e alinhando todas as áreas em torno de uma mesma visão estratégica. Projetos de transformação digital em grandes empresas exigem governança, patrocínio da alta liderança e envolvimento de equipes multidisciplinares.
Não basta criar um “departamento de inovação” isolado da realidade operacional: é preciso conectar tecnologia ao negócio, garantindo que áreas como vendas, atendimento, operação, finanças e recursos humanos participem ativamente das mudanças. Quando isso não acontece, a empresa corre o risco de acumular ferramentas não integradas, gerar complexidade e frustração, sem ver o retorno esperado.
O papel dos dados e da cultura orientada à decisão
Um dos elementos centrais da transformação digital, tanto em empresas pequenas quanto grandes, é a capacidade de usar dados de forma inteligente. Todos os dias, organizações geram informações sobre clientes, vendas, atendimento, operações e desempenho interno, mas muitas ainda não estruturam esses dados de modo que possam ser analisados e usados em decisões concretas. Andre de Barros Faria elucida que uma cultura orientada a dados não se resume a ter relatórios: envolve criar o hábito de consultar indicadores antes de tomar decisões importantes.
Isso inclui acompanhar métricas em tempo real, estabelecer painéis de controle (dashboards) que mostrem o que realmente importa para o negócio, comparar resultados com metas e aprender com o histórico. Em uma pequena empresa, isso pode significar entender quais produtos têm melhor margem ou quais clientes são mais rentáveis.
Em uma grande organização, pode envolver análises avançadas, uso de inteligência artificial e modelos preditivos. Em ambos os casos, o ponto em comum é transformar dados em insumo para ação, e não deixá-los parados em planilhas sem uso prático.
Pessoas, capacitação e mudança de mentalidade
Nenhuma transformação digital acontece apenas com investimentos em tecnologia. Pessoas são o centro desse processo. Equipes precisam ser capacitadas, líderes devem estar dispostos a aprender novas formas de trabalhar e a cultura da empresa precisa valorizar testes, inovação e melhoria contínua.
Andre Faria considera que é essencial abandonar a ideia de que tecnologia é responsabilidade apenas da área de TI, ela passa a ser parte do dia a dia de todos os setores, do atendimento ao cliente à alta gestão. Isso envolve incentivar colaboradores a sugerir melhorias, propor automatizações, apontar gargalos e participar de projetos de inovação.
Em muitos casos, as resistências surgem por medo de perder espaço ou por falta de compreensão sobre as mudanças. Uma comunicação clara, que explique objetivos, benefícios e impactos, ajuda a reduzir inseguranças. Programas de capacitação, mentorias internas e espaços para experimentação fortalecem a confiança das equipes e criam um ambiente em que a transformação digital é vista como oportunidade, e não como ameaça.
Transformação digital como jornada contínua e não como projeto pontual
Uma das mensagens mais importantes trazidas por Andre de Barros Faria é que a transformação digital não tem “linha de chegada” definida. Ela é uma jornada contínua, na qual sistemas são atualizados, processos são revisados, novos canais são incorporados e o comportamento do cliente segue mudando. Tanto pequenas quanto grandes empresas precisam aceitar que haverá ajustes, aprendizados e, em alguns casos, erros ao longo do caminho.
Ao enxergar a transformação digital como parte da estratégia permanente do negócio, e não como uma iniciativa temporária, as empresas conseguem construir bases mais sólidas para crescer em um ambiente competitivo. A combinação de tecnologia adequada, gestão responsável, atenção ao cliente e valorização das pessoas transforma a digitalização em vantagem estratégica, abrindo espaço para novos produtos, serviços, modelos de negócio e formas de relacionamento com o mercado.
Autor: Anastasya Sokolova
