A elaboração de peças processuais nos tribunais superiores, como memoriais, agravos e embargos, exige domínio técnico e estratégia jurídica refinada. Segundo Leonardo Manzan, advogado tributarista, o sucesso desses recursos passa pela precisão argumentativa, clareza na exposição e alinhamento com a jurisprudência das Cortes. Essas peças processuais têm papel essencial na revisão de decisões e na consolidação de teses jurídicas, sendo determinantes para o êxito de causas relevantes.
Nos tribunais superiores, a atuação processual demanda conhecimento específico das normas regimentais do STF e STJ, além de atenção aos requisitos formais e materiais dos recursos. Cada tipo de peça cumpre uma função distinta dentro do processo, exigindo do advogado uma abordagem estratégica e tecnicamente fundamentada. Neste artigo, analisamos como elaborar memoriais, agravos e embargos de maneira eficaz, respeitando as melhores práticas jurídicas e processuais.
Confira mais informações, a seguir!
Como devem ser elaborados as peças processuais de memoriais nos tribunais superiores?
Os memoriais são peças processuais destinadas a reforçar os argumentos apresentados nos autos, geralmente em fase próxima ao julgamento. Eles têm como objetivo principal fornecer aos ministros uma síntese clara e persuasiva da tese defendida, destacando os pontos relevantes do processo. De acordo com Leonardo Manzan, um bom memorial deve ser objetivo, técnico e direcionado ao perfil do relator ou da turma julgadora, evidenciando a importância da causa e o impacto de sua decisão.
Na prática, é recomendável que contenham uma breve contextualização do caso, os fundamentos jurídicos centrais, precedentes aplicáveis e, quando necessário, aspectos fáticos relevantes. O tom da peça deve ser respeitoso, mas firme, buscando o convencimento com base na coerência jurídica e na autoridade das fontes citadas. A apresentação escrita pode ser complementada com a entrega pessoal ao gabinete, prática comum e bem vista nas cortes superiores.
Quais cuidados são essenciais na elaboração de agravos?
O agravo é uma peça fundamental para destravar o andamento de recursos ou contestar decisões que impedem a subida do processo aos tribunais superiores. No STJ e STF, o agravo em recurso especial ou extraordinário é utilizado quando há negativa de seguimento na instância inferior. Leonardo Manzan ressalta que esse tipo de recurso exige argumentação precisa e técnica, pois o objetivo é demonstrar a admissibilidade do recurso principal e rebater os fundamentos da decisão que o inadmitiu.

Na elaboração do agravo, é essencial seguir rigorosamente os requisitos legais e regimentais, como a delimitação clara da controvérsia constitucional ou infraconstitucional e a demonstração da repercussão geral ou relevância da matéria. Falhas na fundamentação ou na formação do instrumento podem levar ao não conhecimento do recurso. Por isso, a estrutura do agravo deve conter uma exposição concisa dos fatos, a fundamentação jurídica clara e a demonstração do desacerto da decisão agravada.
Qual o papel dos embargos e como redigi-los com eficiência?
Os embargos de declaração e os embargos de divergência são instrumentos distintos, mas ambos com finalidades relevantes nos tribunais superiores. Os primeiros servem para esclarecer obscuridade, eliminar contradição ou suprir omissão na decisão. Já os embargos de divergência visam uniformizar a jurisprudência quando há decisões conflitantes no âmbito do tribunal. Leonardo Manzan destaca que conhecer a finalidade específica de cada tipo de embargo é fundamental para sua correta utilização e elaboração.
Na prática, os embargos devem ser objetivos e tecnicamente fundamentados, evitando o uso abusivo ou meramente protelatório. O foco deve estar na demonstração precisa do vício na decisão embargada e da necessidade de correção. Nos embargos de divergência, é imprescindível apresentar decisões confrontantes claras, preferencialmente da mesma turma ou seção, que tratem da mesma matéria jurídica. A peça deve evidenciar a relevância da uniformização da jurisprudência para a segurança jurídica e a estabilidade do direito.
A elaboração de peças processuais nos tribunais superiores exige técnica, estratégia e profundo conhecimento jurídico. Memoriais, agravos e embargos são instrumentos poderosos para a defesa dos interesses do cliente em instâncias decisivas do Poder Judiciário. Conforme Leonardo Manzan, a eficiência dessas peças está diretamente ligada à clareza dos argumentos, ao respeito às normas processuais e à capacidade de adaptação ao perfil da Corte e do julgador.
Em um cenário de elevada complexidade jurídica e processual, o advogado que domina a elaboração dessas peças se destaca pela qualidade da sua atuação. A prática nos tribunais superiores não se resume ao conhecimento da lei, mas envolve sensibilidade, precisão e habilidade de comunicação jurídica. Com uma abordagem estratégica e bem fundamentada, é possível alcançar decisões favoráveis mesmo nos casos mais desafiadores.
Autor: Daria Alexandrova